terça-feira, 27 de setembro de 2011

Avelina



Que palavras se devem usar para descrever a Avelina? Não existem só estando com ela, há pessoas que não se descrevem, vivem-se!
Cheguei a ela em 2004, era baixinha, corcunda e usava óculos escuros, mas o melhor era o som que fazia com as conchas de vieiras, mais conhecidas por conchas de Santiago, peças marítimas deixadas pelos romeiros ao longo de anos. Quando a conheci gravei logo muitas músicas com ela, nunca nos deixava ir embora e sabia sempre o nosso nome, velha gaiteira como ela não se encontra, repetia muitas vezes que fazia agora o que nunca tinha conseguido fazer em nova e casada!
Pula, toca e dança uma noite inteira sem se cansar, uma vez vi-a sozinha descarregar um camião de lenha! Avelina e as Tcharrascas (Conchas)!

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Adélia Garcia



A diva de Caçarelhos, conheci-a em 2004 nas rodagens dos "11 burros caem no estômago vazio", a rainha do repertório, escreve em papeis os nomes das músicas que se vai lembrando e é só papeis com nomes de músicas por todo o lado! Gosta e vibra com aquilo que canta e por isso mesmo canta cada vez melhor! Recolhida pelo Giacometti aos 30 anos e já cantava bem os romances e as músicas pesadas, entra nos anos 80 no disco Trás os Montes de Né Ladeiras, mais tarde entra no meu filme a ensinar a D.Filomena ao B Fachada e ainda mais tarde toca a Braguesa do Bernardo no videoclip da Joana Transmontana com o Fachada de vestido africano com a cara pintada de preto! Adélia bem mais aberta que muito boa gente reagiu da seguinte forma quando lhe disse que precisava de a gravar a cantar uma música sobre água mas com uns óculos de mergulho; Bota lá! Uma visita sempre constante a quem visita o concelho de Vimioso! Bebe tinto bem mais depressa e com mais firmeza que muitos homens.

Rosa Amaral



O Napoleão antropólogo e não o general foi comigo a casa dela, ela e o marido eram segundo o Napoleão os reis dos arraiais populares e encontros de cantares do Minho, ela tinha uma voz a guincho como já pucas têm e o marido que era um querido fez-lhe um reco-reco que fumava cigarros, portanto ela antes de tocar, metia um cigarro na boca do reco-reco e acendia-o. Ela tinha feito anos no dia anterior mas tinha guardado o bolo e ainda tinha champagne, depois de gravarmos tivémos que comer o bolo, quase todo, ela fez questão e beber o champagne brindando várias vezes, a sala eram só medalhas e taças e coisas assim mais muitas concertinas e orgãos! Muito felizes eram!

Alísio saraiva



O Ricardo dos Velha Gaiteira disse-nos que andava a ter aulas de viola beiroa com o Alísio e que o deviamos filmar, fomos então a casa dele em Retaxo, Castelo Branco, recebeu-nos com uma música do Paul Simon, ou assim pensámos que fosse! Mas interrompeu e disse-nos que a música era muito antiga, medieval e que se tocara ali como em toda a parte mas que todos a conheciam como a música do Paul Simon!
Tinha transformado a viola para que tocasse afinada e a soar a alguma coisa! Havia uma laranjeira por trás com as laranjas pequenas desfocadas, ouviam-se umas vozes e uns cães ao fundo e a viola soava mesmo bem!

Ana Amélia Dutra



Descobri-a durante as rodagens do Sinfonia Imaterial nos Açores, fomos com o Miguel Machete Pietá gravar um senhor que tocava viola da terra em Cedros, quando lá chegámos ele perguntou-nos se queriamos ver uma senhora de 91 anos a tocar guitarra portuguesa, eu perguntei se ele tinha uma fotografia, entrámos na casa e vimo-la de guitarra na mão e véu, a casa era escura e ela tocou um bocadinho, enquanto a filha descrevia o diagnóstico clínico, já tinha tido 3 tromboses mas nunca esqueceu a música! Eu fiquei histérico e sugeri irmos para outro sítio com mais luz, fomos para um sala na parte de baixo da casa! Preparámos tudo e ela começou a tocar, a filha falava sem parar, dizia; faça assim minha mãe e assim continou, de repente tocaram todos, mãe, filha e genro, tudo a rasgar naquelas violas, duas da terra e uma portuguesa! Lembro-me de cá fora eu e o Miguel saltarmos e pularmos de alegria e dizermos que aquilo era verdadeiro rock & roll!